A Economia Verde pode ser aqui – Ana Carla Abrão Costa

A Convergência pelo Brasil convidou economistas dos/as pré-candidatos/as à Presidência da República para escreverem um artigo sobre a importância da economia verde na recuperação da atividade brasileira. O objetivo é fortalecer o debate sobre a importância do meio ambiente, de como construir uma economia mais resiliente ao lidar com os riscos climáticos e suas implicações para o Brasil, neste ano eleitoral.  Foram convidadas a participar desse debate as equipes dos seguintes pré-candidatos: Jair Bolsonaro (PL), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PDT), Sérgio Moro (União Brasil), João Doria (PSDB) e Simone Tebet (MDB). Para conferir os demais artigos na íntegra, clique aqui.


 

A Economia Verde pode ser aqui

*Ana Carla Abrão Costa (João Dória – PSDB)

 

No programa econômico de João Doria, sustentabilidade ambiental e respeito e proteção do meio ambiente são compromissos que se desdobram em ações concretas. Afinal, a agenda ambiental aqui é agenda de desenvolvimento econômico e de inclusão social.

 

Essa agenda se desdobra em alguns itens prioritários como uma transição energética que dá ênfase à produção e ao consumo de etanol e à ampliação no uso de energias eólica e solar. Além disso, passa pela regulamentação do mercado de carbono e também pelo apoio para que as nossas agricultura e pecuária sejam cada vez mais sustentáveis. No topo dessa agenda surge a preservação da Amazônia e dos demais biomas.

 

No campo da transição energética é preciso entender que, além de partimos de uma posição privilegiada, temos todas as condições para acelerar nossa transição para uma matriz energética ainda mais limpa dando ênfase aos biocombustíveis e fazendo uso das nossas vantagens comparativas na produção de etanol da cana-de-açúcar e da ampliação na eletrificação da frota rodoviária. O foco nos automóveis híbridos é um caminho que apoia a indústria nacional ao mesmo tempo que gera efeitos multiplicadores para a economia como um todo.

 

Hoje já temos uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, formada por 45% de fontes renováveis. Dado o compromisso de chegarmos a 80% até 2030, há que se encarar a necessidade de acelerar o processo, entendendo que aqui o custo deverá ser menor do que na maioria dos países do mundo. A energia eólica já representa 10,9% da nossa matriz elétrica e a expectativa é de que atinja quase 15% até 2025 e com perspectivas ainda mais positivas a partir da exploração dos parques eólicos offshore. O mesmo vale para a energia solar. Hoje responsável por cerca de 3% da matriz elétrica do País, apresenta potencial de crescimento expressivo considerando a área de insolação brasileira, uma das maiores do mundo.

 

Complementarmente, a meta de redução à metade na emissão de gases de efeito estufa (GEE) até 2030 terá na redução do desmatamento na Amazônia legal, responsável por 45% das emissões, sua mais importante contribuição. Eliminar o desmatamento ilegal é meta inegociável.

 

Precisamos proteger a Floresta. E isso passa por liderança política, compromisso com uma agenda que entenda a região e formule propostas baseadas em ciência e evidências e por coordenação entre diversos atores federativos. Aqui a agenda começa pelo fortalecimento das ações de comando e controle. Atividades ilegais devem ser coibidas e combatidas de forma firme e obstinada. Não há espaço de tolerância para o avanço do crime organizado e de atividade ilegais na região da Amazônia. Temos os instrumentos e as ferramentas, mas é necessário reativá-los após esses anos recentes de negligência. Não há razões econômicas ou sociais para o desmatamento. O Brasil não cresce a partir dele – ao contrário, decresce. A agricultura nem tampouco a pecuária prescinde dele para aumentar a produção. Ao contrário, hoje perde-se mercado se não se preserva e respeita o meio ambiente. Coibir o desmatamento ilegal é o primeiro passo na direção de uma agenda de desenvolvimento que tenha a Amazônia como centro.

 

O que mais precisamos fazer? Gerar as condições para a recuperação de áreas degradadas é ação paralela de grande importância. Isso passa por combate à grilagem, por sua vez vinculada à necessidade de revisão do Cadastro Rural Ambiental (CRA) e pela ampliação da oferta de trabalho na região da Amazônia legal. Há que se mostrar que há alternativas às atividades de destruição ambiental. Hoje não as há. Gerar empregos na região da Amazônia significa gerar novas oportunidades econômicas vinculadas à vocação local e abandonar o desalento dos jovens que não têm perspectivas de emprego e combater a criminalidade que hoje em muito supera a média nacional. Em particular, há que se criar as condições – sanitárias, legais e normativas – para a expansão da economia dos produtos da floresta, cujo mercado hoje é enorme e que pouco nos beneficiamos. Os produtos verdes movimentam hoje mais de 2 bilhões de reais de transações comerciais internacionais. O Brasil responde por 0,17% desse mercado. Assim como a expansão do turismo local será outra fonte de geração de renda e emprego. Capacitar nossos jovens para esse mercado de trabalho e viabilizar a expansão dessa economia visando ao desenvolvimento econômico e social das comunidades locais será nossa prioridade. Só assim aliaremos a preservação ambiental com a percepção do seu valor a partir de uma agenda de desenvolvimento focada na mais valiosa das nossas regiões.

 

O Brasil tem todas as condições para ser a maior economia verde do mundo. Mas isso dependerá das nossas escolhas em outubro de 2022. Serão elas a definir nosso futuro ambiental, que é também nosso futuro econômico e social.

 

*Ana Carla Abrão Costa é membro do Conselho Econômico do pré-candidato João Doria.

GOSTOU? COMPARTILHE:

E-mail
Facebook
Twitter
WhatsApp