Divulgado primeiro Ranking da Atuação Socioambiental de Instituições Financeiras (RASA)

SIS analisa atuação da agenda ESG de bancos brasileiros no último trimestre de 2022 a partir de metodologia que avalia 30 temas

 

A Associação Soluções Inclusivas Sustentáveis (SIS) lança o primeiro Ranking da Atuação Socioambiental de Instituições Financeiras (RASA) com o objetivo de verificar em que grau os bancos comerciais, no Brasil, integram fatores socioambientais, inclusive os climáticos, em suas operações de crédito e investimentos.

 

Foram avaliados, nesta etapa inicial, os sete maiores bancos em carteira de crédito – Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú, BRADESCO, Santander, BTG Pactual, Safra – e os dois maiores cooperativos – SICREDI, SICOOB – além da filial brasileira do banco holandês banco Rabobank, que opera exclusivamente com agronegócio no Brasil e escolhido por ter uma posição de destaque na agenda socioambiental.

 

O Rabobank ficou com 28,91 pontos de um total de cem. Na sequência aparecem BTG Pactual (25,90), Bradesco (16,90), Itaú (16,50), Sicredi (16,30), Santander (12,56), Caixa (10,34), Banco do Brasil (10,22), Sicoob (6,85) e Safra (1,90).

 

A metodologia utilizada no ranking buscou um grau de abrangência e profundidade para avaliar muito mais do que políticas publicadas e compromissos voluntarios assumidos por instituições financeiras nessa temática socioambiental.

 

A metodologia parte de 30 temas socioambientais, cada um com um peso específico e a sua inclusão ou não nas políticas gerais ou setoriais recebe um peso total de 10%. A seguir, avaliam-se quatro grandes etapas de gerenciamento de riscos: a consulta a bases de dados e realização de diligências, a frequência e abrangência do monitoramento de riscos, as ações de mitigação de riscos adotadas e o peso que a avaliação de riscos socioambientais tem no processo decisório (peso total de 45%). Também foram avaliadas a composição do portfólio (peso de 25%), produtos financeiros com impacto ambiental ou social positivo (peso de 10%) e governança da sustentabilidade (peso de 10%).

 

No estudo, a SIS listou 40 bases de dados (públicas ou não) que os bancos deveriam consultar para cada tema. Ao confrontar temas que constam nas políticas e bases de dados consultadas, entretanto, verifica-se que muitas vezes os temas aparecem nas políticas, mas os bancos não consultam qualquer base de dados a ele relativa.

 

Segundo a Diretora Executiva e Técnica da SIS, Luciane Moessa, e responsável pelo RASA, as ações de mitigações de riscos que deveriam ser adotadas pelos bancos englobam, por exemplo, precificar o risco socioambiental e colocar isso no custo da operação, incluir cláusulas socioambientais em operações de crédito e ações de engajamento junto às empresas que fazem parte da carteira de investimentos. A recusa de crédito não é o único caminho possível porque na verdade é uma especial de última alternativa. “Muitas vezes, as instituições financeiras vão fazer seu cliente potencial, tomador de crédito, ou empresa que está no seu portfólio melhorar sua performance ambiental, e se isso não acontecer, pode haver a decisão extrema de retirar o cliente ou empresa investida da carteira”, explica.

 

Além disso, buscou-se avaliar o peso de temas socioambientais no processo decisório (se chega a ocorrer negativa de crédito por conta de riscos socioambientais elevados, por exemplo). Com relação ao portfólio, foi avaliado se as instituições divulgam os setores econômicos, se possuem conhecimento sobre os locais das atividades econômicas financiadas (via crédito ou investimentos) e se avaliam todas as empresas que atuam em setores econômicos com riscos ambientais (e qual o perfil de risco dessas empresas). Além disso, foi avaliado o percentual que produtos financeiros de impacto ambiental ou social positivo ocupam no portfólio.

 

Em resumo, o RASA apurou como lacunas muito frequentes entre os bancos avaliados como: bases de dados insuficientes e que não cobrem todas as transações relevantes; falta de políticas setoriais, poucas informações sobre composição do portfólio (setor /localização das atividades/ perfil de risco socioambiental das empresas).

 

“Nós vemos que alguns temas estão presentes nas políticas dos bancos, no entanto, vemos que os bancos não consultam nenhuma base de dados em relação ao tema. Por exemplo: com relação ao trabalho infantil, eles não mencionam qual é a base de dados consultada. Na realidade, eles não consultam bases de dados nenhuma, ao que tudo indica, pois, quando se trata de trabalho análogo ao escravo (outro tema também mencionado nas políticas), existe, aí sim, uma menção clara à base de dados consultada, que é a chamada ‘lista suja do trabalho escravo’, elaborada pelos órgãos de fiscalização do trabalho”, disse Luciane.

 

Luciane acredita, no entanto, que as normativas publicadas em 2021 pelo Banco Central vão ajudar a melhorar a transparência socioambiental no mercado financeiro, embora ainda não sejam suficientes.

 

Confira os resultados aqui.

 

Fonte: comunicação Associação Soluções Inclusivas Sustentáveis (SIS)

Foto: depositphotos

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