A necessidade europeia de diminuir sua dependência de gás natural russo por conta da invasão da Ucrânia está impulsionando o mercado de hidrogênio verde no continente. O aumento de mais de 400% do preço do gás da Europa no último ano, acabou tornando o combustível alternativo competitivo cerca de uma década antes do previsto, segundo análises da BloombergNEF.
No novo cenário que se desenhou, o mercado de hidrogênio já está gerando bilhões de dólares em novos compromissos. Vários governos, empresas do setor elétrico e fundos de investimentos estão fazendo parcerias com “planos ambiciosos para tornar o hidrogênio um substituto viável para os combustíveis fósseis em fábricas, transporte e aquecimento.”
“É uma espécie de ponto de inflexão. Você verá esse capital chegando em grande escala agora. Não há como voltar atrás”, afirmou Phil Caldwell, diretor executivo de uma empresa de tecnologia de hidrogênio do Reino Unido, a Ceres Power Holdings.
“A importância do hidrogênio já estava crescendo, principalmente por causa de seus benefícios climáticos, mas a guerra ampliou o interesse dos investidores ao destacar a necessidade de segurança energética”, afirmou, em entrevista, Andrew Forrest, fundador da Fortescue Metals, grupo que está planejando um projeto de US$ 50 bilhões para a cadeia de abastecimento de hidrogênio junto com a gigante alemã de energia E.On. “Depois que os tanques cruzaram a fronteira, não há mais aquela consciência em ação na mente das pessoas. É uma necessidade física e fiscal”, completou.
Em uma mesa redonda da BNEF em março, mais de 90% dos produtores, usuários e investidores de hidrogênio disseram esperar que a guerra impulsione o desenvolvimento da indústria de hidrogênio verde. Segundo eles, o apoio à produção doméstica e às importações de fontes confiáveis será fundamental.
“Há muito tempo o hidrogênio verde tem sido mais caro de produzir do que o tipo tradicional, que é feito de gás natural em um processo que libera dióxido de carbono na atmosfera. Isso está começando a mudar. Os analistas da BNEF calculam que o hidrogênio verde, feito por máquinas chamadas eletrolisadores movidas a energia eólica e solar, seriam hoje competitivos em termos de custos com o produto baseado em combustível fóssil”, explicou a EXAME.
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