O novo investimento em gás natural empreendido por governos de países como Alemanha, EUA, Reino Unido e Canadá, pode destruir as chances de o planeta limitar seu aquecimento de 1,5C, meta do Acordo de Paris. O movimento está relacionado à guerra na Ucrânia e tem a ver com a sanção desses países ao combustível russo e o consequente aumento do preço da energia, mas pode ter consequências catastróficas.
Novas pesquisas, da iniciativa de pesquisa Climate Action Tracker, alertam que essa corrida por gás se dá em um momento crucial, em que o mundo deveria concentrar investimentos apenas em alternativas de baixo carbono.
“Estamos prestes a testemunhar uma ‘corrida do ouro’ para novas instalações de produção de gás fóssil, gasodutos e GNL [gás natural liquefeito], nos trancando em outra década de alto carbono”, alertou o pesquisador do NewClimate Institute, Niklas Höhne.
Os EUA assinaram um acordo para exportar gás para a União Europeia. Alemanha e Itália já fizeram acordos de fornecimento com o Catar e o Egito. O Canadá também já sinalizou investimentos para produzir o combustível. O relatório dá destaque para esses fatos e alerta que a produção de combustíveis fósseis já aumentou em muitos desses países, lembrando que os países em desenvolvimento não estão fora dessa — a Nigéria, por exemplo, está revendo projetos de gasodutos que já haviam sido arquivados.
“Alguns países têm argumentado que a produção de gás tem um papel na transição para um futuro de energia limpa, já que o gás produz menos dióxido de carbono do que o carvão. Mas a Agência Internacional de Energia alertou há um ano que nenhuma nova exploração de petróleo e gás poderia ocorrer a partir deste ano, se o mundo limitasse o aquecimento global a 1,5C”, lembrou o The Guardian.
Bill Hare, executivo-chefe da Climate Analytics, afirmou que o mundo está cometendo um erro e apontou que há várias opções de políticas alternativas nas quais os governos deveriam estar investindo: melhoria da eficiência energética, aumento de energias renováveis e mais impostos sobre os lucros de quem insistir em continuar produzindo combustíveis fósseis, por exemplo.
As informações são do The Guardian.
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