Para ex-presidente do BC, inflação no Brasil deve levar 2 anos para voltar à meta

Segundo avaliação do atual presidente do conselho do Credit Suisse no País e ex-presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, o Brasil vai demorar pelo menos dois anos para conseguir fazer a inflação voltar à meta. Antes disso, ele acredita que o país deve passar por uma desaceleração relevante na economia e que, provavelmente, 2022 ainda será um período de recessão.

 

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Ilan Goldfajn fez uma análise do quadro inflacionário atual e afirmou que as incertezas fiscais, econômicas, políticas e institucionais dos últimos dois anos têm grande responsabilidade pela atual crise. Para ele, o Banco Central terá um trabalho duro pela frente, especialmente porque alguns elementos externos também dificultam a recuperação da economia, como uma maior inflação global e cenários políticos que tendem a se polarizar ainda mais no próximo ano. “À medida que o cenário internacional for ficando mais difícil, vai tornar nossa vida aqui também mais difícil”, afirmou.

 

“Quase sempre é uma combinação de externo e interno. Parte da inflação é externa e outra que criamos nós mesmos. Tem a contribuição dos dois lados. Se a inflação global ceder, ajuda, mas ainda teremos nossa parte aqui para lidar. Eu não acho que a nossa inflação é apenas consequência de uma inflação global externa. Acho que tem uma combinação. É difícil saber o peso exatamente”, explicou o ex-BC.

 

“Uma das perguntas mais relevantes na economia global é se a inflação internacional é algo que vai começar a ceder no ano que vem ou vai continuar a subir. O cenário em que a inflação vai continuar subindo e os juros vão começar a ser elevados de forma mais importante nos Estados Unidos torna o ano de 2022 mais desafiador. Domesticamente, teremos não só um ano eleitoral, que costuma ser mais volátil, como as campanhas que tendem a ter promessas que levam a dúvidas. Entramos no ano que vem com esse contexto internacional e não sabendo se a âncora fiscal vai ser ou não o teto de gastos, precisando derrubar a inflação. Então, o ano será de combate à inflação, indefinição fiscal, cenário eleitoral e com a chance de ter juros subindo no mundo”.

 

Durante a entrevista, Ilan destacou também que o Brasil precisa definir como vai organizar suas contas públicas. “Quer gastar mais do que tem financiamento. Ou seja, não queremos o financiamento pela inflação, queremos que a inflação caia e, não, suba. Não queremos ter maior carga tributária, desde a votação da CPMF lá atrás, isso ficou claro. E, para financiar via dívida, fica difícil, porque é preciso haver uma percepção de que a dívida não vai seguir subindo. Então é preciso uma âncora fiscal, um teto ou alguma coisa assim. Como não temos uma definição clara de onde queremos gastar, gastamos em tudo: no social, na saúde, na educação, no funcionalismo público, nos aposentados, nas emendas, nos subsídios. E ainda seguimos pedindo.”

 

As informações são do Estadão, onde você pode ler a entrevista completa.

 

Foto: Linkedin

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