A precificação do carbono pode fornecer uma resposta elegante a um problema complexo: a imposição de impactos negativos que são sentidos em toda a sociedade, em função das emissões de gases de efeito estufa. Ela também pode ser fundamental para o Brasil avançar na agenda da transição para uma economia verde e o cumprimento de acordos e tratados internacionais de redução da emissão de CO2. Esses foram alguns dos pontos debatidos na roda de conversas realizada pela Chatam House com empresários, pesquisadores, reguladores e agentes econômicos nesta quinta-feira (28.04), em São Paulo (SP).
Atualmente, o debate sobre a precificação tem se mostrado difícil no Brasil. Pois, mesmo com estudos e cenários não se estabeleceram caminhos para sua implementação. Enquanto isso, a agenda de regulação avança no comércio internacional e começa a considerar o conteúdo de carbono para a tributação alfandegária de produtos sujeitos a precificação de carbono no mercado importador. Canadá, China, União Europeia, Índia, Reino Unido e Estados Unidos também debatem propostas de piso de preços de carbono.
Em 2021, a iniciativa Clima e Desenvolvimento reforçou que a precificação de carbono seria crítica para o país avançar, ainda nesta década, rumo à transição para baixo carbono. A um preço de carbono de aproximadamente 19 dólares por tonelada, seria possível estimular medidas e tecnologias de baixo carbono reduzindo um total de 1,35 gigatons de CO2 até 2030, segundo modelagem realizada pela COPPE-UFRJ, através do IMACLIM.
Durante o evento, os participantes debateram sobre as oportunidades e ameaças nos cenários nacional e internacional e avaliaram como apoiar a agenda da precificação nos próximos anos.
Uma das possibilidades apontadas foi a precificação de emissões de GEEs no Brasil por meio da criação de um sistema de comércio de emissões. Neste caso, o objetivo seria criar incentivos econômicos necessários para a transição de baixo carbono de setores chave, como o industrial.
Também será necessário desenhar uma arquitetura regulatória que permita ao Brasil a oferta de créditos para diferentes mercados, regulados e voluntários, nacionais e internacionais. Arquitetura que possibilitaria a atração de investimentos e o desenvolvimento de ações jurisdicionais e de projetos que incentivem a aceleração da transição do Brasil para uma economia de baixo carbono, em vetores diversos, de geração de energia à soluções baseadas em natureza.
Foto: Depositphotos