Um dos causadores do desmatamento na Amazônia é o fato de ter papel relevante para a economia da região. Entre 2017 e 2019, os produtos exportados pela Amazônia Legal somaram US$ 39 bilhões. Boa parte desse montante vem de atividades como mineração, agricultura (soja e milho) e pecuária.
Especialistas há anos discutem um arranjo econômico que gere renda e empregos, promovendo o desenvolvimento e inclusão social e que preserve a floresta.
Um estudo recém divulgado pelo Amazônia 2030 mostrou que a transição para uma economia compatível com a preservação da floresta é um desafio grande, mas que há espaço para o crescimento.
O Amazônia 2030 é uma iniciativa de pesquisadores brasileiros para desenvolver um plano de ações para o desenvolvimento sustentável da Amazônia brasileira em 2030.
No estudo, chamado “Oportunidades para Exportação de Produtos Compatíveis com a Floresta na Amazônia Brasileira”, os pesquisadores analisaram a pauta de exportações da Amazônia Legal entre 2017 e 2019. Eles constaram que, dos 955 produtos exportados, 64 podem ser classificados como “ produtos compatíveis com a floresta”.
Fazem parte deste grupo 18 de origem em sistemas agroflorestais, 16 da hortifruticultura, 14 produtos florestais não madeireiros, e 16 ligados à pesca.
Os 64 produtos “verdes” geraram receita anual de US$ 298 milhões. Mas eles representam pouco menos do que 0,2% do mercado global desses produtos, que somou US$ 176,6 bilhões por ano.
O estudo mostrou que a oportunidade está no aumento da exportação desses produtos. A Amazônia Legal representa 30% das florestas tropicais do mundo – mas tem participação de mercado desses produtos inferior a países menores e com grau de desenvolvimento similar.
Se a exportação desses produtos seguisse a média de 1,3% da pauta de exportações total do Brasil no mundo, o faturamento aumentaria para US$ 2,3 bilhões por ano.
Um exemplo: o principal produto exportado pela Amazônia é a pimenta do reino – que gera receitas de US$ 100 milhões. Isso representa 7% do mercado global, de US$ 1,5 bilhão. O líder é o Vietnã, que detém 35% do mercado. “O Vietnã exporta para os Estados Unidos, que são nossos vizinhos, mais pimenta do que o brasil exporta ao mundo inteiro”, diz o autor do estudo Salo Colovsky, professor de Desenvolvimento Econômico da Universidade de Nova York, em entrevista ao Valor Econômico.
O estudo completo pode ser acessado aqui.