Assim como já acontece em grandes seguradoras internacionais, as empresas de seguros brasileiras devem começar a se preparar para regular o risco climático. Essa é uma área já bastante afetada pela frequência cada vez maior de eventos climáticos extremos em todo o mundo. Só em 2021, segundo cálculo do Swiss Re Institute, as perdas cobertas por seguradoras atingiram US$ 105 bilhões, num padrão de aumento de cerca de 5% por ano na última década.
Terminou nesta segunda-feira (7/3) a consulta pública da minuta de uma circular da Superintendência de Seguros Privados (Susep) que vai regular, além do risco climático, outros riscos ambientais e sociais. Além das seguradoras, o texto vai valer também para empresas de capitalização, de previdência privada e resseguradoras.
A minuta tem sido encarada como positiva por profissionais que lideram a agenda de sustentabilidade no país. “Havia uma falta de liderança nesse tema no setor de seguros e o texto é um sinal forte de que a Susep entrou em campo”, afirmou a diretora-executiva do CDP Latin America, Rebeca Lima, que liderou um grupo de ONGs e consultorias que fizeram sugestões ao texto.
O texto especifica a existência de riscos sociais e ambientais separados dos riscos climáticos, classificados em três tipos distintos (físicos, de transição e de litígios). Essa diferenciação tem ganhado espaço nas regulamentações do setor financeiro ao redor do mundo, inclusive no nosso Banco Central. “A Susep fez a lição de casa ao separar os tipos de risco que podem afetar o setor segurador e inovou ao trazer os riscos de litígio na legislação, inclusive em relação a outras normas no mundo”, Comentou o coordenador de portfólio de economia de baixo carbono do Instituto Clima e Sociedade (iCS), Gustavo Pinheiro.
Embora satisfeitas, as organizações devem fazer algumas sugestões de aperfeiçoamentos. O CDP adiantou que vai sugerir, por exemplo, o estabelecimento de parâmetros claros para a construção dos cenários de risco climático pelas empresas, pois considera que só dizer que as empresas devem fazer projeções não é suficiente. A organização também deve pedir que o texto separe as recomendações para os segmentos de seguros de vida e não-vida, pois os impactos sofridos por eles são diferentes.
As informações são do Capital Reset.