Zerar o desmatamento na Amazônia é fundamental para a economia do país, diz manifesto

Manifesto publicado pela Convergência pelo Brasil, iniciativa criada pela união dos ex-ministros da fazenda e ex-presidentes do Banco Central em busca de ideais convergentes para um Brasil mais comprometido, desenvolvido e sustentável, reforça a importância da Amazônia para a economia brasileira e para o enfrentamento às mudanças climáticas. Em documento intitulado “A IMPORTÂNCIA DA SUSTENTABILIDADE PARA A ECONOMIA DO BRASIL”,  a iniciativa emite um alerta conjunto aos presidenciáveis, com caminhos que devem ser seguidos para que o país volte a crescer de forma mais robusta e aproveitando sua vocação sustentável. 

 

Durante a coletiva de imprensa nesta sexta-feira (16.09), o ex-ministro da fazenda Armínio Fraga ressaltou a importância do combate às mudanças climáticas. “Não é só do interesse do planeta trabalhar na reversão das mudanças climáticas, é também do nosso interesse. Isso traz muita coisa boa para o Brasil, inclusive para a nossa qualidade de vida, para nossa inserção do mundo civilizado. O combate às mudanças climáticas é um tema que pode trazer resultados econômicos extraordinários para nós.”

 

Para Armínio, o combate do desmatamento na Amazônia é uma questão central e privilegia toda a sociedade. “É um espaço para desenvolver o Brasil de uma maneira bacana, boa para as pessoas, boa para a nossa economia e boa para o planeta. Quem é que perde? É justo fazer essa pergunta. Perde quem está desmatando de maneira ilegal, quem está fazendo mineração e enchendo os nossos rios de mercúrio. Essa turma perde, mas sinceramente, é para perder mesmo. O resto só ganha”, disse.

 

Conforme o ex-ministro Rubens Ricupero,  a Amazônia já é uma questão fundamental na diplomacia brasileira e, por isso, precisa de uma estratégia e atenção muito maiores para não fechar portas do Brasil para o restante do mundo.  “Esse vai ser o problema central da política externa do país no futuro. O Brasil é um país continental, mas não é uma potência nuclear ou militar. A única área que ele tem condições de ser relevante na política externa mundial é na questão associada do meio ambiente e dos alimentos. Nisso temos um potencial muito grande de influência e para retomar uma posição mais ativa”, afirma o ex-ministro.

 

Ricupero também lembrou que o país já teve sucesso no combate ao desmatamento. “Nós já enfrentamos com êxito no passado a redução do desmatamento da Amazônia. Tinhamos equipes treinadas que foram desmanteladas. Funcionários do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ), ICMBio  (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) que estão prontos para voltar. Temos vários bilhões parados no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para isso. Porém, falta vontade política”, disse.

 

Para o ex-ministro da Fazenda Maílson Nóbrega, uma posição mais ativa do Brasil frente às mudanças climáticas trará benefícios econômicos a curto, médio e longo prazo. “São imensas as oportunidades. Em 2020, um estudo mostrou que há um potencial de aumento de 2,8 trilhões de dólares nos próximos anos. Gerando de dois a três milhões de empregos. O Brasil tem um potencial imenso”, comentou.

 

O ex-ministro da Fazenda Paulo Haddad destacou que a floresta em pé tem um potencial enorme para gerar riqueza e que a Zona Franca de Manaus pode ser uma aliada importante neste desenvolvimento.  “Devemos usar a Zona Franca de Manaus para fazer pesquisa e desenvolver as cadeias produtivas da floresta. Um amigo meu está fazendo alimento para peixe a partir do açaí”, comentou.

 

Ele também criticou a atuação do governo federal na política ambiental.  “O atual governo enxerga a Amazônia, o Pantanal e o Meio Ambiente territorial como se fosse um meio de acesso a recursos naturais renovais e não renováveis de acesso livre para acumulação de capital do interesse privado. Ai nós caímos na tragédia dos bens comuns. O indivíduo tenta explorar ao máximo esses recursos e prejudica o interesse coletivo. Então, estamos matando rios, quebrando florestas, quando na verdade o valor econômico do meio ambiente é muito mais amplo do que o valor de uma árvore cortada para ser vendida. Eu chamo isso de autofagia econômica, um processo de produção que você mais destrói o valor econômico do que cria. O governo atual é complacente, para não dizer que estimula o processo predatório do ecossistema do país”.

 

MANIFESTO

As autoridades, que se uniram num movimento suprapartidário, ressaltaram quatro pontos fundamentais que devem ser seguidos na condução da política econômica do Brasil:

 

1 – Zerar o desmatamento da Amazônia, promovendo as condições de vida das populações locais e reforçando a ação do país nos foros globais de decisão sobre o clima;

2 – Aproveitar as vantagens comparativas do país, avançando para a economia de carbono zero na energia, mobilidade, indústria e agricultura.

3 –  Aumentar a capacidade de enfrentar as anomalias climáticas, preparando o país para os impactos esperados do aquecimento global;

4 – Impulsionar o financiamento à pesquisa e à inovação tecnológica que permitam alavancar as energias renováveis, a bioeconomia da floresta em pé, os biocombustíveis e o uso sustentável dos recursos naturais e humanos do país.

 

O manifesto contou com as assinaturas de: Affonso Celso Pastore, Armínio Fraga, Gustavo Krause, Gustavo Loyola, Henrique Meirelles, Luiz Carlos Bresser-Pereira, Maílson da Nóbrega, Marcílio Marques Moreira, Paulo Haddad, Pedro Malan, Pérsio Arida, Rubens Ricúpero e Zélia Cardoso de Mello.

 

O documento teve o apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS) e do Instituto O Mundo que Queremos.

 

Leia o manifesto na íntegra, clique aqui.

 

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